31 agosto 2006

Roberto Piva




Um poeta anarquista, um Allen Ginsberg tupiniquim, infelizmente pouco reconhecido e difícil de encontrar. Só para alegrar seus olhos:

Praça da República dos meus sonhos

(...)
os veterinários passam lentos lendo Dom Casmurro
há jovens pederastas embebidos em lilás
e putas com a noite passeando em torno de suas unhas
(...)

* * *

O jardim das delícias


(...)

relâmpagos do mesmo líquen magnético de tua boca
de quinze anos
quando não vais à escola para assistires Flash Gordon
& ler Otto Rank nas esquinas
o mundo continua sendo um breve colapso logo que as
pálpebras baixem
& meu amor por ti uma profanação consciente de
eternas estrelas de rapina

* * *

abandonar tudo. conhecer praias. amores novos.
poesia em cascatas floridas com aranhas
azuladas nas samambaias.
todo trabalhador é escravo. toda autoridade
é cômica. fazer da anarquia um
método & modo de vida. estradas.
bocas perfumadas. cervejas tomadas
nos acampamentos. Sonhar Alto.

* * *

eu sou o cavalo de Exu
ebó
do meu coração
despachado
na encruzilhada dos cometas


Obs.:Não tenho autorização para reproduzir os poemas dele, mas mesmo assim o faço.
Obs.: O quadro é LA Pareja, de Carlos Gershenson

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