27 junho 2006

Devagar se chega lá....

Para aqueles que insistem em usar a palavra opção, segue abaixo mais um desestímulo:

http://oglobo.globo.com/especiais/vivermelhor/mat/284432114.asp

Não consegui levantar o texto na Proceedings of the National Academy of Sciences. O Globo não permite cópia do texto, então está aí o link para quem se interessar.

24 junho 2006

Burrice Mata!!!

Pacto mortal

O bareback, prática do sexo sem camisinha para contrair o HIV, encontra adeptos no Brasil, inclusive com site para encontros

A linguagem barebacker
Celina Côrtes


RISCO:

Marcos pratica sexo sem proteção com amigos que, como ele,se dizem soronegativos
Enquanto a humanidade luta em várias frentes para deter a Aids, um grupo cada vez maior de homossexuais rema contra a maré num movimento suicida e alarmante. A onda se chama bareback. Propõe relações sexuais sem o uso de preservativos. A prática, segundo adeptos, chega agora ao Brasil depois de conquistar milhares de gays nos Estados Unidos e na Europa. Os motivos que levam os homens ao bareback – ou montar a cavalo sem sela – é a busca mais livre do prazer. Alguns consideram excitante o risco de contrair o HIV. A outra razão é ainda mais espantosa: há participantes que desejam se infectar com o vírus da Aids – e agem com esse objetivo.
A internet tem sido o principal ponto de encontro dos praticantes no Brasil. Lucas, 40 anos, gerente do site brasileiro BarebackBr, criou um grupo virtual e diz que, por enquanto, só existem reuniões isoladas, nada com organização. Assim como acontece entre os americanos e europeus, segundo o raciocínio de Lucas, os brasileiros não gostam de gays afeminados. “Sexo sem camisinha é coisa de macho”, prega ele, soronegativo e sem parceiro fixo. Pelo que dizem os adeptos brasileiros, os que desejam contrair o HIV são minoria. “O intuito do bareback é fazer sexo sem barreiras. Pode-se dizer que grande parte dos grupos de discussão se limita a trocar fantasias”, diz Renato (nome fictício), publicitário, 27 anos.
Realidade – Para Renato, os seguidores dessa “filosofia” jogam de uma forma aberta quanto à condição de soropositivos ou negativos. “Logo, sexo bareback só é praticado entre dois ou mais parceiros positivos, ou dessa forma entre os negativos”, acrescenta. Embora Sebastião (nome fictício) não mencione sua participação em festas, admite que já se relacionou muitas vezes sem preservativo, após descobrir ser soropositivo em fevereiro. Membro do BarebackBr, ele não sabe explicar por que aderiu à prática, mesmo contaminado. “No começo talvez fosse para fugir da realidade. Hoje pratico pelo simples tesão. É gostoso ouvir do parceiro que ele quer receber meu esperma”, conta ele. Ele nunca indagou ou foi indagado se era positivo.
O carioca Marcos (nome fictício), tradutor, 35 anos, começou a vida sexual com mulheres. Suas namoradas tomavam pílulas e ele não usava camisinha. Quando assumiu a homossexualidade, tinha um namorado e não se protegia. Depois, passou a variar os parceiros e a usar preservativos. Só que este ano Marcos aderiu ao bareback. “Prefiro sexo sem camisinha. Muitas vezes fico num dilema: sei dos riscos de contaminação pelo HIV e não desejo me ‘converter’, como eles usam no jargão”, explica. Por isso, só pratica com amigos que também não gostam dos preservativos e se dizem negativos, como ele. “Não consigo abandonar o bareback e tento reduzir o risco me mantendo fiel a esse pequeno grupo de amigos”, pondera.
Mais impressionante é a entrevista que o canadense Phil deu ao site da rede de comunicações canadense CBC, sob o sugestivo título de “Roleta-russa”. Ele confessa que vai se sentir feliz e celebrar quando contrair o HIV. “Nesse dia certamente vou sair e me oferecer um ótimo jantar.” Como costuma encontrar muitos internautas interessados em soropositivos, acredita que dessa forma vai aumentar seu círculo de amizades. Além de já ter se relacionado sexualmente “sete ou oito” vezes com soropositivos, Phil chega ao cúmulo de injetar sangue contaminado pelo HIV no próprio corpo. Embora tenha se submetido a um teste em junho, até agora não conseguiu contrair o vírus. Justifica seu macabro desejo com argumentos suicidas: “Sou gay, solteiro e minha família não me aceita. Não quero ser um velho e morrer sozinho. Então seria bom ficar positivo logo.”
Cláudio Nascimento, presidente do Arco-íris, um dos mais engajados grupos homossexuais do Rio de Janeiro, que já distribuiu 1,5 milhão de camisinhas em dez anos, conhecia a prática no Exterior, mas soube por ISTOÉ sobre a onda no Brasil. Só o site BarebackBr já reúne 349 participantes. Nascimento acredita que há entre os gays uma ilusão de que o sistema de saúde esteja preparado para lidar com a epidemia. Marcos, o barebacker carioca, atribui o aumento da prática a um motivo simples e assustador: “Com os remédios, muitos relaxaram nos cuidados. Acham que, ao se contaminar, é só tomar o coquetel para levar uma vida normal.”

SITE NACIONAL: encontros e bate-papos

Suicida – A psicóloga e sexóloga paulista Maria Cristina Martins, 44 anos, vê vários fatores que originam esse comportamento. Um deles, paradoxalmente, é o medo de contrair o HIV com o seguinte raciocínio: “Vou pegar de uma vez e acabar com essa ansiedade.” Outras razões são a sensação de isolamento, os problemas emocionais e a falta de informação. “É um comportamento suicida, como se fosse um pacto com a morte”, diz Maria Cristina. Uma das soluções apontadas por ela para evitar que os homossexuais sejam empurrados para esses grupos seria a aprovação da lei de parceria civil entre gays. “Muitos querem um relacionamento de papel passado e se frustram. Acabam desequilibrados por não colocar em prática seu lado afetivo.”
No Brasil, 23% dos casos de soropositivos registrados até 2001 eram de homossexuais e bissexuais, segundo o Ministério da Saúde. Estima-se que, dos cerca de 600 mil brasileiros infectados pelo HIV, aproximadamente 111 mil sejam homossexuais. Na campanha lançada em julho pelo governo para incentivar o uso do preservativo entre “homens que fazem sexo com homens”, nada foi mencionado sobre bareback. Os responsáveis pelo Programa Nacional de Aids do Ministério sabem da existência da prática fora do País, mas nada foi estudado no Brasil. “Não verificamos uma magnitude que chamasse a atenção pela via dos grupos gays organizados. Mas poderemos inserir o tema nas próximas intervenções”, diz o psicanalista Raldo Bonifácio Costa Filho, coordenador adjunto do programa. Antes que seja tarde.


(texto da Isto É nº 1719)

20 junho 2006

Mad about the boy...

Noel Coward é a definição de wit....(depois dele, vem o Quentin Crisp, cujo "The Naked Civil Servant" é uma obra-prima, há o audio book narrado pelo próprio que é perfeito!!!) - e escreveu algumas coisas ótimas. Infelizmente, os contos dele não foram traduzidos, mas não engraçadíssimos e super-espertos. Recomendo, mesmo. Só para se ter um gostinho, segue a letra de "Mad About the BOy", apropriadamente gravada pela Dinah Washington.

Mad about the boy


It`s pretty funny but I´m mad about the boy
He has a gay appeal
that makes me feel
There´s maybe something sad about the boy
Walking down the street,
his eyes look out at me from people that I meet,

I can't believe it's true
but when I'm blue
in some strange way I'm glad about the boy.
I"m hardly sentimental
Love isn't so sublime
I have to pay my rental
and I can't afford to waste much time,
If I could employ
a little magic that would finally destroy
this dream that pains me
and enchains me
but I can't
because I'm mad about the boy.


A letra tem variações, mas este é o registro mais antigo que encontrei.

19 junho 2006

Sagrado e Profano

O texto é do Bernardo Carvalho, assim mesmo, íntimo, já que li quase tudo que ele escreveu (Nove Noites, Aberração, Teatro, Mongólia, Os Bêbados, As Iniciais - meu favorito-). Para quem quer se estender no assunto, há Mircea Eliade, o bruxo romeno do pensamento religioso com O Sagrado e o Profano e Mefistófeles e o Andrógino, e tambem Francis Huxley - claro, ele é da família-, com O Sagrado e o Profano.Na verdade, há demais a ser lido, desvende.....

O Filósofo italiano Giorgio Agamben insiste que, ao contrário do que se costuma supor, o sentido da palavra religião não vem de religar o humano ao divino, mas de separar as duas instâncias. A origem do termo estaria no verbo “relegere” (reler), que indica uma atitude de observação e respeito, de atenção e escrúpulo em relação aos rituais e às coisas sagradas: “Não existe religião sem separação”.
Agamben faz o elogio da profanação num livro publicado este ano na Itália e na França: “Profanazioni” (ed. Nottetempo). Profanar é liberar das normas sagradas o que por elas é mantido separado, restrito, intocável. Significa neutralizar a aura, negligenciar essas normas de modo a atribuir um novo uso (humano) ao que se mantinha interdito ao uso. O exemplo mais contundente é o jogo: “A maior parte dos jogos que conhecemos deriva de antigas cerimônias sagradas, de rituais e práticas divinatórias que pertenciam em outros tempos à esfera religiosa em sentido amplo”.
Na verdade, o jogo não abole a esfera do sagrado, mas permite à humanidade se liberar e desviar dela. A dimensão lúdica faz com que comportamentos e objetos que antes tinham uma finalidade já sacralizada passem a existir apenas para o jogo, para um uso diferente daquele que lhes era consagrado. Como uma criança que brinca com um documento legal sem saber do que se trata. O meio passa a ser o próprio fim, um uso sem utilidade.
No capitalismo, entretanto, que é a religião da modernidade, segundo Walter Benjamin, esse profanador do jogo teria sido esvaziado. O processo teria se invertido. O homem moderno e secular procuraria no jogo justamente o sagrado e o ritual perdido.
Seguindo o raciocínio de Benjamin, Agamben mostra que o capitalismo dissemina por toda parte a separação que define a religião. É uma sociedade secular que faz a consagração do profano. Torna o profano inatingível, intocável, improfanável. Tudo é transformado em fetiche. É a esfera do consumo, da exibição e do espetáculo. O capitalismo se apropria do comportamento profanador, lúdico, para anulá-lo e transformá-lo em fetiche de si mesmo. A pornografia é um bom exemplo: a neutralização de uma intenção, em princípio profanadora dos comportamentos eróticos, reduzida ao consumo solitário de uma imagem inatingível (sagrada). “A profanação do improfanável é a tarefa política da geração por vir”, exorta Agamben.
Há duas semanas, numa cidade de província da França, psicologicamente exausto depois de mais um dia numa dessas feiras de literatura em que se reúnem centenas de escritores do mundo inteiro, tentando vender seus livros, eu voltei ao quarto de hotel de madrugada e liguei a televisão na esperança de assistir a alguma coisa que me tirasse dali o mais rápido possível. Para escritores que não são exatamente populares, esses festivais servem antes de mais nada para dar a dimensão exata da rejeição do público. Mas, em compensação têm pelos menos uma utilidade: à força de se falar de tudo menos de literatura, sempre em nome da literatura, fazem sentir saudades dela.
Trocando de canais ao acaso, entre as séries e os programas previsíveis, fui surpreendido pela imagem de uma nudez incongruente . Logo depois de passar por uma emissora que exibia um filme pornográfico típico, desses que podiam muito bem ilustrar o texto de Agamben, deparei-me com uma cena que já era estranha por si só e ficava ainda mais num canal como a Arte, dedicado às manifestações culturais e aos documentários: vários homens nus, comuns, de meia-idade, velhos, gordos ou esqueléticos, muitos deles repugnantes, vagavam, se esfregavam e se ensaboavam, em meio ao vapor e a bacias de água, por salas caindo aos pedaços, com paredes cobertas de azulejos tão amarelados e usados quanto os próprios corpos.
Era um labirinto povoado eventualmente por corpos que passavam e faziam a sua higiene pessoal, indiferentes uns aos outros e à câmera, na mais completa intimidade, sozinhos ou em duplas, uns esfregando os outros, às vezes pais e filhos pequenos, velhos com poucos anos de vida pela frente etc., sem nunca dizerem nada uns aos outros. Ao contrário dos corpos assépticos do filme pornográfico do outro canal, estes permaneciam demasiado humanos, por mais que se esfregassem.
Para completar o aspecto inesperado das imagens, não faltava lugar para um desejo embutido no que parecia repugnante. Era difícil trocar de canal. A certa altura, uma seqüência de corpos jovens e musculosos, caminhando em círculos, como uma coreografia, introduzia um contraponto à decrepitude geral, remetendo a um momento anterior na vida desses corpos usados. O cuidado e a preocupação de todos consigo mesmos revelava uma dimensão misteriosa do desejo, em que saltava aos olhos a consciência silenciosa da própria finitude.
Só alguns dias depois, fui descobrir, numa revista, que o filme se chamava “Les Bains” (os banhos) e que seu diretor, o francês David Teboul, o tinha rodado em alguma parte da Rússia, com gente anônima. O artigo atribuía ao filme o “caráter sagrado de uma cerimônia pagã”. Achei graça. Pensei no elogio que Agamben faz da profanação. Em “Les Bains”, o desejo está fora do lugar. É um desejo ao mesmo tempo reflexivo e enigmático, porque encontrou um novo uso para os comportamentos eróticos, restituindo a “capacidade humana de profaná-los, desligando-os da sua finalidade imediata”.

17 junho 2006

Parada Gay 2

É preciso encontrar algum meio de calcular aproximadamente o número de pessoas em eventos públicos, senão se tornará uma informação absolutamente irrelevante, por ser sempre irreal. De 1 milhão para 2,4 milhões a diferença é considerável, gente!

Orkut

Existe alguma comunidade no orkut com gays acima de 18 anos? ou 30? Caso vc conheça, daria para me informar? Quanto tempo disponível, meu Deus!!!

Parada Gay

Ainda vou criar o blog pela indiferença sexual!!! Eu só quero estar!!!Ser!!! Não quero me encaixar em esquema algum, por favor.

Informações

A rede Ex-aequo é portuguesa, uma rede que eu não conhecia e é muito informativa. Mesmo que seja mais voltada para o público jovem, onde não me incluo mais, vale a navegação.

11 junho 2006

Surface


Alguém aí está acompanhando? O Jay R. Ferguson é uma coisa, atrasa meu jantar toda sexta-feira!

Audiencia Pública

No dia 19 de junho a Deputada Alice Tamborindeguy vai realizar uma audiência pública para discutir a situação dos homossexuais no Rio de Janeiro. O convite é váido para todos os que quiserem aparecer. Não há partidarização nenhuma, é um preparo para a formação da Comissão de Defesa dos Direitos dos Homossexuais (ainda há dúvidas em relação ao nome da comissão, a idéia é incluir orientação sexual para descaracterizar "dos homossexuais", evitando interpretações equivocadas).

A bancada evangélica da Alerj, liderada pelo Deputado Édino Fonseca (O Playmobil do Mal!), já votou contra a Comissão. Daí a importância de lotarmos o auditório.

Informações: telefone 2588-1308 e 25881309.

Notícias

O texto abaixo eu tirei do grupo Ursos do Rio, no Yahoo, postado pelo Alexandre.
MOSCOU (Reuters) - Os defensores de direitos dos homossexuais devem ignorar uma proibição oficial e realizar uma passeata em Moscou nesta semana, em meio a alertas feitos por membros da comunidade de que o ato servirá apenas para alimentar os preconceitos numa Rússia homofóbica.
Nikolay Alexeyev, organizador do festival gay que culminará na passeata de sábado, disse que o evento mostrará aos russos que a comunidade homossexual não é uma ameaça à sociedade.
Mas em uma cultura onde os líderes religiosos colocam a homossexualidade ao lado de crimes como assassinatos e skinheads tentam invadir boates gays, alguns homossexuais preferem a discrição.
"Acredito que chegou o momento de sairmos às ruas e dizer que desejamos ter direitos iguais. Estamos pagando nossos impostos como qualquer outro cidadão", afirmou Alexeyev, de 28 anos.
A prefeitura de Moscou proibiu a passeata, classificando-a de uma "afronta à sociedade", e membros da extrema direita prometeram atacar os que participarem dela. Mas Alexeyev disse que o ato seria realizado, queiram ou não.
"A questão principal é a luta contra a homofobia e a discriminação. Estamos pedindo às autoridades que proíbam a discriminação baseada na orientação sexual", afirmou.
Mas outros ativistas criticaram as táticas do grupo, dizendo que demonstrações públicas desse tipo correm o risco de minar os ganhos obtidos desde 1993, quando a homossexualidade deixou de ser crime.

DISCRETA REVOLUÇÃO
O vice-presidente do Parlamento russo, Lyubov Sliska, do partido Rússia Unida, é apenas um dos muitos membros do establishment contrários à passeata.
"Algumas pessoas dizem que a proibição da parada gay fere os direitos humanos", afirmou a repórteres. "Vários milhões de pessoas que moram em Moscou não desejam que esses homossexuais realizem esse evento. Quem defenderá o direito dessas pessoas?"
Muito tempo ainda terá de transcorrer até que o país mude de atitude e aceite a homossexualidade, afirmou Ed Mishin, de 33 anos, fundador da revista Queer, do site www.gayrussia.ru e de uma loja de produtos gays.
"Não devemos aparecer gritando nas telas de televisão. Sou favorável a uma revolução discreta", disse, alegando que a discussão aberta sobre esses assuntos provocava homofobia como os que obrigaram a polícia a esvaziar, no final de abril, os Três Monges, uma boate gay de Moscou.
"Isso não levou a nenhum tipo de união maior entre os gays, e a homofobia apenas aumentou. Agora, as autoridades vêem os grupos gays com suspeita", disse.
Por Oliver Bullough