MAIS UMA VEZ
(publicado em Jardins da Provocação, 1981)
mergulho no amor
com a cega convicção dos suicidas
penetro passo a passo
nesta região misteriosa
turva
opaca
aberta pelo encontro dos corpos
e sinto
outra familiaridade nas coisas
esta calma permanência dos objetos
agora formas de lembrar-se
o mundo
que se reduz a traços da presença
a realidade
que fala ao transformar-se em memória
tudo é conivência e signo
o espaço
uma extensão do gesto
as coisas
matéria de evocação
qualquer coisa treme dentro da noite como se fosse um som de flauta
e a cidade
se contorce e se retrai
MAIS UMA VEZ
ao abrir-se para este turbulento silêncio
de olhar frente ao olhar
pele contra pele
sexo contra sexo
23 agosto 2006
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