31 agosto 2006
Roberto Piva
Um poeta anarquista, um Allen Ginsberg tupiniquim, infelizmente pouco reconhecido e difícil de encontrar. Só para alegrar seus olhos:
Praça da República dos meus sonhos
(...)
os veterinários passam lentos lendo Dom Casmurro
há jovens pederastas embebidos em lilás
e putas com a noite passeando em torno de suas unhas
(...)
* * *
O jardim das delícias
(...)
relâmpagos do mesmo líquen magnético de tua boca
de quinze anos
quando não vais à escola para assistires Flash Gordon
& ler Otto Rank nas esquinas
o mundo continua sendo um breve colapso logo que as
pálpebras baixem
& meu amor por ti uma profanação consciente de
eternas estrelas de rapina
* * *
abandonar tudo. conhecer praias. amores novos.
poesia em cascatas floridas com aranhas
azuladas nas samambaias.
todo trabalhador é escravo. toda autoridade
é cômica. fazer da anarquia um
método & modo de vida. estradas.
bocas perfumadas. cervejas tomadas
nos acampamentos. Sonhar Alto.
* * *
eu sou o cavalo de Exu
ebó
do meu coração
despachado
na encruzilhada dos cometas
Obs.:Não tenho autorização para reproduzir os poemas dele, mas mesmo assim o faço.
Obs.: O quadro é LA Pareja, de Carlos Gershenson
29 agosto 2006
D.H.Lawrence
Muito conhecido pelo O Amante de Lady Chatterley, escrito em 1928 e lançado em Florença, D.H. Lawrence era um excelente poeta, que tinha a admiração de Aldous Huxley, o que não é pouca coisa, e também foi elogiado pelo Ezra Pound (...ele foi moderno antes de mim!).
Uma amostrinha:
Elemental
Why don't people leave off being lovable
or thinking they are lovable, or wanting to be lovable
and be a bit elemental instead?
since man is made up of the elements
fire, and rain, and air and live loam
and none of these is lovable
but elemental
man is lop-sided on the side of the angels
I wish men would get back their balance among the elements
and be a bit more fiery, as incapable of telling lies
as fire is
I wish they'd be true to their own variation, as water is,
which goes through all the stages of steam and stream and ice
without losing its head
I am sick of lovable people
somehow they are a lie.
espero que vc goste!
Quando do centenário do poeta, a Alhambra lançou uma edição bilíngue, com tradução do Leonardo Fróes. Quem encontrar por aí, agarre!
Uma amostrinha:
Elemental
Why don't people leave off being lovable
or thinking they are lovable, or wanting to be lovable
and be a bit elemental instead?
since man is made up of the elements
fire, and rain, and air and live loam
and none of these is lovable
but elemental
man is lop-sided on the side of the angels
I wish men would get back their balance among the elements
and be a bit more fiery, as incapable of telling lies
as fire is
I wish they'd be true to their own variation, as water is,
which goes through all the stages of steam and stream and ice
without losing its head
I am sick of lovable people
somehow they are a lie.
espero que vc goste!
Quando do centenário do poeta, a Alhambra lançou uma edição bilíngue, com tradução do Leonardo Fróes. Quem encontrar por aí, agarre!
26 agosto 2006
Jô Soares e o respeito
A empáfia, somada à presunção do entrevistador, fizeram da entrevista do Jô Soares com um dos autores do Aurélia um dos piores espetáculos do ano.Mas como acharam engraçado e a reação da platéia foi aquela que se viu, ....
Já enviei mensagens ao Jô, à Globo, ao Globo, aos autores do Aurélia, reclamando da falta de respeito. Acho que já passou a hora de deixarem de nos tratar como integrantes de um freak show e é preciso que exijamos respeito!
Já enviei mensagens ao Jô, à Globo, ao Globo, aos autores do Aurélia, reclamando da falta de respeito. Acho que já passou a hora de deixarem de nos tratar como integrantes de um freak show e é preciso que exijamos respeito!
Inveja de São Paulo
São Paulo criou a Coordenadoria de Apoio à Diversidade Sexual. Dêem uma olhada na página e se perguntem o porquê do seu município não ter uma iniciativa semelhante.
Todo primeiro domingo de cada mês há um evento especial realizado no Belvedere 9 de julho.
E aí. César Maia? Vamos entubar mais essa?
Todo primeiro domingo de cada mês há um evento especial realizado no Belvedere 9 de julho.
E aí. César Maia? Vamos entubar mais essa?
23 agosto 2006
Thom Gunn
Acho que já postei THE HUG aqui, tempos atrás. Esta semana fui presenteado pelos deuses com Selected Poems - Thom Gunn - 1950-1975, em um sebo da cidade do Rio. Nestas horas, penso que há sentido nas coisas.
The Bed
The pulsing stops where time has been,
The garden is snowbound,
The branches weighed down and the paths filled in,
Drifts quilt the ground.
We lie soft-caught, still now it's done,
Loose-twined across the bed
Like wrestling statues; but it still goes on
Inside my head.
Cláudio Willer
MAIS UMA VEZ
(publicado em Jardins da Provocação, 1981)
mergulho no amor
com a cega convicção dos suicidas
penetro passo a passo
nesta região misteriosa
turva
opaca
aberta pelo encontro dos corpos
e sinto
outra familiaridade nas coisas
esta calma permanência dos objetos
agora formas de lembrar-se
o mundo
que se reduz a traços da presença
a realidade
que fala ao transformar-se em memória
tudo é conivência e signo
o espaço
uma extensão do gesto
as coisas
matéria de evocação
qualquer coisa treme dentro da noite como se fosse um som de flauta
e a cidade
se contorce e se retrai
MAIS UMA VEZ
ao abrir-se para este turbulento silêncio
de olhar frente ao olhar
pele contra pele
sexo contra sexo
(publicado em Jardins da Provocação, 1981)
mergulho no amor
com a cega convicção dos suicidas
penetro passo a passo
nesta região misteriosa
turva
opaca
aberta pelo encontro dos corpos
e sinto
outra familiaridade nas coisas
esta calma permanência dos objetos
agora formas de lembrar-se
o mundo
que se reduz a traços da presença
a realidade
que fala ao transformar-se em memória
tudo é conivência e signo
o espaço
uma extensão do gesto
as coisas
matéria de evocação
qualquer coisa treme dentro da noite como se fosse um som de flauta
e a cidade
se contorce e se retrai
MAIS UMA VEZ
ao abrir-se para este turbulento silêncio
de olhar frente ao olhar
pele contra pele
sexo contra sexo
16 agosto 2006
Glauco Matoso II
Um haicai sem rima
parece clima nublado:
Sombra de obra-prima.
Tudo se reduz
ao produto da ferida:
poesia e pus.
O poema é bom
quando tom combina com
aroma: marrom.
Que será que faz
do fugaz sopro dos gases
um dos tais haicais?
Fora da privada
fica mais politizada,
mas não muda nada.
Se o governo trai,
vai pra puta que o pariu!
Voto não tem pai.
Político gordo
faz acordo dos dois lados:
um pra cada lordo.
Eleição direta
tira do proleta a chance
de tirar da reta.
Presidente eleito
tem um defeito só: sempre
vem quem diz "Bem feito!".
Uma nação séria
não faz pilhéria das outras:
ri da sua miséria.
Golpe militar.
Basta um par de generais
num papo de bar.
Por mais que ele mande,
mais se expande o desrespeito.
O Brasil é grande.
Mais ou menos trens.
Multiplicação de filhos.
Divisão de bens.
Só sobrou a merda,
que sequer dá pro rateio,
pra atender a Esquerda...
Molhada é "meleca".
Se seca, já virou "monco".
Nariz não defeca.
O fedor do queijo
é o bocejo duma boca
que rejeita o beijo.
Um defunto horrendo.
Bem do fundo brota vida:
vermes se mexendo.
Catinga no ar:
carne, sangue, pus, catarro...
Lixo hospitalar.
Uma gota enorme
que dorme no microscópio:
cor de coliforme.
Merda dura é foda:
sai sem dó da tripa e — Ai! —
corrói a hemorróida.
Sai menos fedor
se a merda for arejada
no ventilador?
Puxa, como fede!
É de vaso sem descarga!
Tem tampa que vede?
Veja se me entende:
Tem de encarar cu sem medo.
Merda não ofende.
Bunda é que nem grimpa:
se repimpa enquanto pensa.
Nunca fica limpa.
Só cego não vê.
Você caga colorido.
Tá pensando o quê?
Colhões de mamonas.
Azeitonas de cabrito.
Pelúcia nas conas.
Duras são tuas fezes?
São reveses da clausura...
Só resta que rezes.
No trânsito lento
tento entrar na transversal.
Engarrafamento.
Cadáver no asfalto.
Do alto do viaduto
aplaudem o salto.
Chuva na avenida.
Cão desbrida na enxurrada.
Luta pela vida.
Casa com mansarda
não tarda a ser demolida.
Obra de vanguarda.
Travesti de porre.
Gilete no pó reflete.
Um pivete corre.
Cena original:
Vaginal como um paquete,
flui a Marginal.
Ator principal.
Palmas para o pipoqueiro
do Municipal.
Houve algum engano:
São João com Ipiranga
fica em São Caetano.
Rock sem guitarra
é fanfarra maquiada:
Só bundão se amarra.
parece clima nublado:
Sombra de obra-prima.
Tudo se reduz
ao produto da ferida:
poesia e pus.
O poema é bom
quando tom combina com
aroma: marrom.
Que será que faz
do fugaz sopro dos gases
um dos tais haicais?
Fora da privada
fica mais politizada,
mas não muda nada.
Se o governo trai,
vai pra puta que o pariu!
Voto não tem pai.
Político gordo
faz acordo dos dois lados:
um pra cada lordo.
Eleição direta
tira do proleta a chance
de tirar da reta.
Presidente eleito
tem um defeito só: sempre
vem quem diz "Bem feito!".
Uma nação séria
não faz pilhéria das outras:
ri da sua miséria.
Golpe militar.
Basta um par de generais
num papo de bar.
Por mais que ele mande,
mais se expande o desrespeito.
O Brasil é grande.
Mais ou menos trens.
Multiplicação de filhos.
Divisão de bens.
Só sobrou a merda,
que sequer dá pro rateio,
pra atender a Esquerda...
Molhada é "meleca".
Se seca, já virou "monco".
Nariz não defeca.
O fedor do queijo
é o bocejo duma boca
que rejeita o beijo.
Um defunto horrendo.
Bem do fundo brota vida:
vermes se mexendo.
Catinga no ar:
carne, sangue, pus, catarro...
Lixo hospitalar.
Uma gota enorme
que dorme no microscópio:
cor de coliforme.
Merda dura é foda:
sai sem dó da tripa e — Ai! —
corrói a hemorróida.
Sai menos fedor
se a merda for arejada
no ventilador?
Puxa, como fede!
É de vaso sem descarga!
Tem tampa que vede?
Veja se me entende:
Tem de encarar cu sem medo.
Merda não ofende.
Bunda é que nem grimpa:
se repimpa enquanto pensa.
Nunca fica limpa.
Só cego não vê.
Você caga colorido.
Tá pensando o quê?
Colhões de mamonas.
Azeitonas de cabrito.
Pelúcia nas conas.
Duras são tuas fezes?
São reveses da clausura...
Só resta que rezes.
No trânsito lento
tento entrar na transversal.
Engarrafamento.
Cadáver no asfalto.
Do alto do viaduto
aplaudem o salto.
Chuva na avenida.
Cão desbrida na enxurrada.
Luta pela vida.
Casa com mansarda
não tarda a ser demolida.
Obra de vanguarda.
Travesti de porre.
Gilete no pó reflete.
Um pivete corre.
Cena original:
Vaginal como um paquete,
flui a Marginal.
Ator principal.
Palmas para o pipoqueiro
do Municipal.
Houve algum engano:
São João com Ipiranga
fica em São Caetano.
Rock sem guitarra
é fanfarra maquiada:
Só bundão se amarra.
15 agosto 2006
Conversão: mais uma face da homofobia?
Minha vida fora da Exodus.
Os danos causados às mentes gays jovens pelos grupos como o Exodus International podem ser devastadores. David Nuc Nguyen tem problemas até para escrever sobre o assunto.
Exodus International (an antigay site)
Eu me lembro de encarar meu reflexo no espelho do banheiro seis anos atrás. A água quente corria. Eu tinha uma navalha em minhas mãos, e estava pronto para fazer o impensável. Eu não podia mais conviver com a guerra que se desenvolvia dentro de mim. Tanto quanto eu me lembrava, eu passei minha vida lutando com a vergonha e culpa instiladas em mim pela minha formação católica.
Eu havia saído do armário há alguns anos, e fui pressionado por minha família a procurar ajuda com um cara chamado Jason, um conselheiro da Portland Fellowship, um ministério do "ex-gay" grupo Exodus International. Por três meses, nós lemos as Escrituras e rezamos, e partilhamos nossas lutas internas contra a homossexualidade. Se eu permanecesse no "estilo de vida homossexual", eu seria sempre "disfuncional, nunca um ser humano completo e nunca conheceria a paz", ele me disse. Essas sessões apenas aprofundaram meu ópdio por mim mesmo.
depois que desisti do aconselhamento, minha família desistiu de mim. Tive que sair de casa e abandonar meus sonhos de ir para a Universidade de Berkeley, California. Mudei para Seattle porque eu tinha uma bolsa para a Universidade de Washington. Arrumei um emprego com salário mínimo e às vezes tinha de optar entre pagar o aluguel ou comer. Esses anos foram os mais solitários e difíceis de minha vida. Eu pensava que Deus não permitia aos gays serem felizes e prósperos na vida.
Mas eu descobri em Seattle que não estava sozinho. À medida que me tornava um membro ativo de minha comunidade, eu encontrei outras pessoas com experiência semelhante. Chris Williams, 24, também tinha uma vida atribulada depois de seu encontro com a Exodus. "Mesmo depois de rezar e ir às sessões, eu não conseguia controlar me desejo por outros homens", ele recorda. "Eu resolvi me entregar aos meus desejos e entrava na Internet à procura de sexo anônimo. A culpa era insuportável. Subconscientemente, eu desejava destruir meu corpo, o que me permitia cometer o pecado". Não demorou para Williams ir para as ruas e usar drogas. Então ele contraiu HIV.
Assim como eu, Williams foi aconselhado pelo pessoal da Exodus. Mas eles mesmos admitem não serem conselheiros. Antes de escrever este texto, eu contatei Ron Shaw, que trabalha com Ministros Metanoia, um grupo da Exodus na costa dnorte do Pacífico. Na identificação dos emails de Ron, pode-se ler:"Ron Shaw não é um conselheiro licenciado pelo estado. Todos os conselhos oferecidos são baseados em princípios espirituais baseados na Bíblia". Shaw disse-me que ele ajudava as pessoas a "verem o comportamento que controla a vida delas e ajudava-as a descobrirem como escapar de um padrão de respostas escravizantes a estes impulsos".
"O conselho oferecido por Shaw parece um bocado com ciência. Um dos aspectos mais perigosos da "terapia reparadora" é que ela frequentemente usa linguagem pseudocientífica. Isto pode torná-la atrativa para as pessoas jovens. Esta terapia é baseada em preconceitos religiosos e políticos, e rouba das pessoas a chance de manterem uma vida feliz, produtiva, como saudáveis homens e mulheres gays, diz Matthew Brooks, um profissional de saúde mental em Seattle.
Minha luta é maior devido à minha experiência com a Exodus, mas não permito que isso destrua a minha vida. Chris também superou esta experiência e hoje ajuda outros jovens com problemas com drogas e com o HIV.Porém, a Exodus permanece comigo. Eu sinto que deus me castigará se eu escrever este trabalho e falar contra a Igreja. Felizmente, eu sou como meus pais, teimoso e determinado".
---------------
Para alguém como eu, deserdado por ter assumido minha sexualidade, este texto é comovente e até sinto um certo alívio por não existir, no Brasil, um movimento tão forte de cura para os gays como há nos EUA. Porém, o ovo da serpente já foi posto, a bancada evangélica está ativa, boicotando qualquer iniciativa de garantia dos direitos dos homossexuais, lançando campanhas para cura no Estado do Rio. É preciso estar atento!!!!
-----
esta matéria foi publicada em The Advocate August 15, 2006
Os danos causados às mentes gays jovens pelos grupos como o Exodus International podem ser devastadores. David Nuc Nguyen tem problemas até para escrever sobre o assunto.
Exodus International (an antigay site)
Eu me lembro de encarar meu reflexo no espelho do banheiro seis anos atrás. A água quente corria. Eu tinha uma navalha em minhas mãos, e estava pronto para fazer o impensável. Eu não podia mais conviver com a guerra que se desenvolvia dentro de mim. Tanto quanto eu me lembrava, eu passei minha vida lutando com a vergonha e culpa instiladas em mim pela minha formação católica.
Eu havia saído do armário há alguns anos, e fui pressionado por minha família a procurar ajuda com um cara chamado Jason, um conselheiro da Portland Fellowship, um ministério do "ex-gay" grupo Exodus International. Por três meses, nós lemos as Escrituras e rezamos, e partilhamos nossas lutas internas contra a homossexualidade. Se eu permanecesse no "estilo de vida homossexual", eu seria sempre "disfuncional, nunca um ser humano completo e nunca conheceria a paz", ele me disse. Essas sessões apenas aprofundaram meu ópdio por mim mesmo.
depois que desisti do aconselhamento, minha família desistiu de mim. Tive que sair de casa e abandonar meus sonhos de ir para a Universidade de Berkeley, California. Mudei para Seattle porque eu tinha uma bolsa para a Universidade de Washington. Arrumei um emprego com salário mínimo e às vezes tinha de optar entre pagar o aluguel ou comer. Esses anos foram os mais solitários e difíceis de minha vida. Eu pensava que Deus não permitia aos gays serem felizes e prósperos na vida.
Mas eu descobri em Seattle que não estava sozinho. À medida que me tornava um membro ativo de minha comunidade, eu encontrei outras pessoas com experiência semelhante. Chris Williams, 24, também tinha uma vida atribulada depois de seu encontro com a Exodus. "Mesmo depois de rezar e ir às sessões, eu não conseguia controlar me desejo por outros homens", ele recorda. "Eu resolvi me entregar aos meus desejos e entrava na Internet à procura de sexo anônimo. A culpa era insuportável. Subconscientemente, eu desejava destruir meu corpo, o que me permitia cometer o pecado". Não demorou para Williams ir para as ruas e usar drogas. Então ele contraiu HIV.
Assim como eu, Williams foi aconselhado pelo pessoal da Exodus. Mas eles mesmos admitem não serem conselheiros. Antes de escrever este texto, eu contatei Ron Shaw, que trabalha com Ministros Metanoia, um grupo da Exodus na costa dnorte do Pacífico. Na identificação dos emails de Ron, pode-se ler:"Ron Shaw não é um conselheiro licenciado pelo estado. Todos os conselhos oferecidos são baseados em princípios espirituais baseados na Bíblia". Shaw disse-me que ele ajudava as pessoas a "verem o comportamento que controla a vida delas e ajudava-as a descobrirem como escapar de um padrão de respostas escravizantes a estes impulsos".
"O conselho oferecido por Shaw parece um bocado com ciência. Um dos aspectos mais perigosos da "terapia reparadora" é que ela frequentemente usa linguagem pseudocientífica. Isto pode torná-la atrativa para as pessoas jovens. Esta terapia é baseada em preconceitos religiosos e políticos, e rouba das pessoas a chance de manterem uma vida feliz, produtiva, como saudáveis homens e mulheres gays, diz Matthew Brooks, um profissional de saúde mental em Seattle.
Minha luta é maior devido à minha experiência com a Exodus, mas não permito que isso destrua a minha vida. Chris também superou esta experiência e hoje ajuda outros jovens com problemas com drogas e com o HIV.Porém, a Exodus permanece comigo. Eu sinto que deus me castigará se eu escrever este trabalho e falar contra a Igreja. Felizmente, eu sou como meus pais, teimoso e determinado".
---------------
Para alguém como eu, deserdado por ter assumido minha sexualidade, este texto é comovente e até sinto um certo alívio por não existir, no Brasil, um movimento tão forte de cura para os gays como há nos EUA. Porém, o ovo da serpente já foi posto, a bancada evangélica está ativa, boicotando qualquer iniciativa de garantia dos direitos dos homossexuais, lançando campanhas para cura no Estado do Rio. É preciso estar atento!!!!
-----
esta matéria foi publicada em The Advocate August 15, 2006
13 agosto 2006
Novo Astro
traduzido da The Advocate, edição de 15 de agosto de 2006
Embora muitos atores straights tenham feito papéis gays (Jake, Heath, Colin, Jude) é difícil de imaginar qualquer um deles sendo homem o bastante para fazer o que o novato Jesse Garcia fez para levantar o moral da equipe em um dia particularmente tenso das filmagens de Quinceañera. "Eu fui ao guarda-roupas e disse: Todo mundo está louco lá fora, dê-me algumas roupas", recorda o ator que até agora só havia feito alguns comerciais e pontas em The Shield, Unfabulous e Walkout."Então, eu andei um quarteirão e meio e entrei no set de saltos altos, mini-saia e top dez números abaixo do meu".
"Quando eu fazia comédia, eu tinha um personagem que se chamava Meringue, que era o máximo, então eu trouxe Meringue de volta, e todos morreram de rir", continua o novo astro.
"Foi como se Carmem Miranda tivesse baixado em Jesse", recorda o co-autor e co-diretor Jesse Westmoreland,(parceiro há onze anos do diretor de Grief, Richard Glatzer)
E Jerry está arrasando corações neste filme: ele faz o papel de um lavador de carros que é expulso de casa por ser gay e vai morar com um tio-avô (???). A eles se junta uma prima de Carlos, grávida aos quinze anos (daí o nome do filme), e também há o envolvimento de Carlos com os locadores, um casal gay.
“Na verdade, a história de Carlos é sobre homofobia na comunidade latina e racismo na comunidade branca america", explica Westmoreland."E Jesse é perfeito para o papel, com sua aura de vulnerabilidade inacreditável, apesar da cabeça raspada e das tatuagens".
O resultado final é um retrato terno e delicado de um jovem tentando encontrar-se em um mundo cheio de mudanças rápidas demais. “Jesse é um ator com muitas facetas emocionais e está pronto para novos desafios", disse Glatzer, "e possui aquela aura típica dos anos 5o, característica de Brando e Dean, onde vc não se pergunta sobre seu papel sexual, apenas permite que ele exerça seu encanto.”
Um exagero, evidentemente, mas que nós podemos aguardar para checar, já que o filme chamou o prêmio no Sundance e, certamente, virá parao Brasil.
07 agosto 2006
Glauco Matoso
ROMEU E EU
(conto dialético e, ipso facto, poema romântico)
Eu quero brincar com você.
Papai não deixa.
O Diretor proíbe.
A Esquerda se opõe.
Você me chama
e eu morro de vontade.
Papai me ameaça.
O Diretor me intima.
A Esquerda me aterroriza.
Saio escondido,
procuro por você,
mas eles me acham.
Papai me bate.
O Diretor me põe de castigo.
A Esquerda atenta contra mim.
Fico esperando,
você me procura,
nos encontramos no escuro,
nos pegam em flagrante.
Papai me expulsa.
O Diretor me interna.
A Esquerda me seqüestra.
Escapo e sobrevivo,
mas você não está livre.
É filho de seu Papai.
Disciplinado ao seu Diretor.
Prosélito da sua Esquerda.
Vivo solitário, você prisioneiro,
e não podemos brincar.
Castram nossa infância
porque você é igual a mim,
sua vontade igual à minha,
mas nos fazem diferentes.
Glauco Mattoso
(conto dialético e, ipso facto, poema romântico)
Eu quero brincar com você.
Papai não deixa.
O Diretor proíbe.
A Esquerda se opõe.
Você me chama
e eu morro de vontade.
Papai me ameaça.
O Diretor me intima.
A Esquerda me aterroriza.
Saio escondido,
procuro por você,
mas eles me acham.
Papai me bate.
O Diretor me põe de castigo.
A Esquerda atenta contra mim.
Fico esperando,
você me procura,
nos encontramos no escuro,
nos pegam em flagrante.
Papai me expulsa.
O Diretor me interna.
A Esquerda me seqüestra.
Escapo e sobrevivo,
mas você não está livre.
É filho de seu Papai.
Disciplinado ao seu Diretor.
Prosélito da sua Esquerda.
Vivo solitário, você prisioneiro,
e não podemos brincar.
Castram nossa infância
porque você é igual a mim,
sua vontade igual à minha,
mas nos fazem diferentes.
Glauco Mattoso
06 agosto 2006
Toni Colette
Estrela de dois filmes com temática gay -Little Miss Sunshine e The Night Listener -, onde ela interpreta uma cega que pode estar sacaneando o protagonista, a atriz de O Casamento de Muriel (ela diz que não suporta mais ser lembrada pelo papel que lhe deu fama!) anda correndo mundo e dizem que vem ao Brasil.
Para quem não está ligando o nome à coisa, The Night Listener é o último livro de Armistead Maupin, autor de Contos da Cidade e seqüências,e o filme é estrelado por Toni Colette e Robin Williams, pqp.
Liberar Liberace
Vem aí a temporada Liberace! Dizem que será representado por Nicolas Cage , coisa que acho pouco provável, já que falta a ele o aplomb do Lib.
Apesar da antipatia que os grupos gays têm pela criatura - afinal, ele negou até morrer ser homossexual, processando todos que insinuassem sua condição -, ele é um ícone, que está em um momento de plena recuperação.
04 agosto 2006
5 coisas
Cinco coisas que um autêntico grupo pró-GLTB deveria fazer:
1) Mais que simplesmente lutar pelo "casamento gay", o movimento gay deve trabalhar para que todos os espectros de famílias - casados e tbem não tradicionais- tenham o suporte econômico e social para ser saudável e feliz. Isto quer dizer treinamento em casa para proporcionar uma atividade que traga rendimento à família, para que o convívio com os parentes seja menos traumático. O peso do conforto monetário no quadro de convivência diário nunca deve ser subestimado.
2) Os grupos gays deveriam trabalhar em conjunto com os sindicatos e grupos de trabalhadores para que sejam assegurados direitos básicos e também sejam trabalhados novos enfoques, tais como licença maternidade e paternidade para casais não tradicionais; parceria doméstica para qualquer tipo de casal; participação nos lucros, envolvimento do empregador e influência nas decisões do empregador.
3) Os grupos gays deveriam trabalhar com grupos religiosos nos assuntos que interessem a ambos os grupos, além de investir seriamente na separação efetiva de Igreja e Estado. É preciso fazer com que a Igreja veja a importância que a mobilização gltb pode vir a ter no alcance do bom êxito do trabalho.
4) Os grupos gays deveriam atuar junto aos grupos de seguro saúde, incluindo participação na discussão de métodos de controle de natalidade e também métodos de combate à AIDS que não sejam baseados na abstinência sexual.
5) Os grupos gays deveriam estimular a participação da comunidade gltb nos assuntos que interessem diretamente à comunidade, procurando conseguir uma representação dentro das associações de amigos de bairro ou semelhantes. A partidarização do movimento glbt pode ser extremamente contraproducente, já que , tradicionalmente, o movimento partidário é mais conservador.
É claro que mais coisas podem ser feitas, mas é importante que o movimento tenha maior visibilidade fora do esqueminha folclórico de "quero casas vestido de noiva...", estes posicionamentos de transferência que apenas reforçam o ideário preconceituoso.
Os cinco passos são uma idéia que copiei e adaptei do Michael Bronski, escritor e ativista americano. Em um país como o nosso, carente de quase tudo que é básico, pode parecer supérfluo este tipo de luta, mas é preciso que os horizontes sejam expandidos e não limitados à nossa incapacidade de desenvolver um país decente.
1) Mais que simplesmente lutar pelo "casamento gay", o movimento gay deve trabalhar para que todos os espectros de famílias - casados e tbem não tradicionais- tenham o suporte econômico e social para ser saudável e feliz. Isto quer dizer treinamento em casa para proporcionar uma atividade que traga rendimento à família, para que o convívio com os parentes seja menos traumático. O peso do conforto monetário no quadro de convivência diário nunca deve ser subestimado.
2) Os grupos gays deveriam trabalhar em conjunto com os sindicatos e grupos de trabalhadores para que sejam assegurados direitos básicos e também sejam trabalhados novos enfoques, tais como licença maternidade e paternidade para casais não tradicionais; parceria doméstica para qualquer tipo de casal; participação nos lucros, envolvimento do empregador e influência nas decisões do empregador.
3) Os grupos gays deveriam trabalhar com grupos religiosos nos assuntos que interessem a ambos os grupos, além de investir seriamente na separação efetiva de Igreja e Estado. É preciso fazer com que a Igreja veja a importância que a mobilização gltb pode vir a ter no alcance do bom êxito do trabalho.
4) Os grupos gays deveriam atuar junto aos grupos de seguro saúde, incluindo participação na discussão de métodos de controle de natalidade e também métodos de combate à AIDS que não sejam baseados na abstinência sexual.
5) Os grupos gays deveriam estimular a participação da comunidade gltb nos assuntos que interessem diretamente à comunidade, procurando conseguir uma representação dentro das associações de amigos de bairro ou semelhantes. A partidarização do movimento glbt pode ser extremamente contraproducente, já que , tradicionalmente, o movimento partidário é mais conservador.
É claro que mais coisas podem ser feitas, mas é importante que o movimento tenha maior visibilidade fora do esqueminha folclórico de "quero casas vestido de noiva...", estes posicionamentos de transferência que apenas reforçam o ideário preconceituoso.
Os cinco passos são uma idéia que copiei e adaptei do Michael Bronski, escritor e ativista americano. Em um país como o nosso, carente de quase tudo que é básico, pode parecer supérfluo este tipo de luta, mas é preciso que os horizontes sejam expandidos e não limitados à nossa incapacidade de desenvolver um país decente.
03 agosto 2006
Humor rima com dor
Como falar com humor daquilo que nos provocou dor suficiente para modificar nossa forma de ver o mundo? Walta Borawski percebeu uma nesga de luz nessas névoas pesadas dos sentimentos feridos de todos nós!
"English was only a second language..."
English was only a second
language, never second nature
to my maternal grandfather. He
would shout the heavy
fragments of sentence:
Money! Under! Mattress!
He didn't trust banks, he
knew that here in America
we hide things. When I
was 15 he wanted to see me
with my pants down I took
them off in his toolshed
He ran his fingers across
my pubic hair & said
Ah! Moustache! That year
he died & I began
looking for other men who'd
take this sort of interest
but it's never been the same
with the proper sentences.
O que vem por aí....
Proibiram a Deputada Alice Tamborindeguy de subir no carro de som na Parada do dia 30 de julho, no Rio de Janeiro. A razão? Ela não é do PT.
Ok, ela é do PDT, partido em que em não votaria nem amarrado, mas uma parada deveria estar acima destas coisas. Esta partidarização dos movimentos é que acaba afastando as pessoas, estar ali já é política suficiente.
A curta memória política do brasileiro está permitindo a esta escumalha petista a retomada daquele ar de vestais, acima do bem e do mal, com autoridade para sair julgando e apontando qualquer um!
Cuidado com as surpresas!!!
Ok, ela é do PDT, partido em que em não votaria nem amarrado, mas uma parada deveria estar acima destas coisas. Esta partidarização dos movimentos é que acaba afastando as pessoas, estar ali já é política suficiente.
A curta memória política do brasileiro está permitindo a esta escumalha petista a retomada daquele ar de vestais, acima do bem e do mal, com autoridade para sair julgando e apontando qualquer um!
Cuidado com as surpresas!!!
01 agosto 2006
Lance Mountain?
Gyllenhaal To Play Armstrong?
Deve haver alguma razão para que Jake e Lance estejam passando tanto tempo juntos (bom, alguma além daquela que a gente gosta de imaginar!). Dizem os blogs especializados de LA que a Sony está desenvolvendo uma biopic (filme biografia) de Lance Armstrong, sete vezes vencedor da Volta da França de ciclismo. Considerando a vida de Lance - infância sofrida, batalha contra o câncer nos testículos, retorno consagrador ao esporte - e o fato de Jake ter sido ciclista na adolescência (ué, já terminou???)Ele tem cara de menino!), tudo indica que vai rolar!!!
Drag Travolta????
A versão do musical do filme Hairspray, de John Walters, já começou e a grande estrela é John Travolta, no papel de Edna, que tornou famoso (no palco) o Harvey Fierstein (que também participou de Torch song Trilogy, entre muitos outros). Os comentários sobre o elenco, pelos atores que estrelaram a versão no palco, não são nada elogiosos. O ator principal da montagem da Broadway, Bruno Vilanch, disse que, "se eles queriam uma estrela, Brando seria e escolha ideal, mas já está morto. Mas é impossível um fracasso maior do que Battlefield Earth [maior fracasso já estrelado por Travolta], então, a escolha de Travolta é ok."
Continuando a destilar seu veneno, disse mais: "Se Hairspray não funcionar, pela menos foi algo que Travolta tentou. E se funcionar, ele será um Robert De Niro".
Para quem quiser maiores, informações, vá até http://www.imdb.com/title/tt0427327/.
Continuando a destilar seu veneno, disse mais: "Se Hairspray não funcionar, pela menos foi algo que Travolta tentou. E se funcionar, ele será um Robert De Niro".
Para quem quiser maiores, informações, vá até http://www.imdb.com/title/tt0427327/.
Assinar:
Postagens (Atom)