26 março 2007
Allen Ginsberg
Canção
O peso do mundo
é o amor.
Sob o fardo
da solidão,
sob o fardo
da insatisfação
o peso
o peso que carregamos
é o amor.
Quem poderia negá-lo
Em sonhos nos toca
o corpo,
em pensamentos
constrói
um milagre,
na imaginação
aflige-se
até tornar-se
humano -
sai para fora do coração
ardendo de pureza -
pois o fardo da vida
é o amor.
mas nós carregamos o peso
cansados
e assim temos que descansar
nos braços do amor
finalmente
temos que descansar nos braços
do amor.
Nenhum descanso
sem amor,
nenhum sonho
sem sonhos
de amor-
quer esteja eu louco ou frio,
obcecado por anjos
ou por máquinas,
o último desejo
é o amor
-não pode ser amargo
não pode ser negado
não pode ser contido quando negado:
o peso é demasiado
- deve dar-se
sem nada de volta
assim como o pensamento
é dado
na solidão
em toda a excelência
do seu excesso.
Os corpos quentes
brilham juntos
na escuridão,
a mão se move
para o centro
da carne,
a pela treme
na felicidade
e a alma sobe
feliz até o olho -
sim, sim
é isso que
eu queria,
eu sempre quis,
eu sempre quis
voltar ao corpo
em que nasci.
A tradução, chiquérrrmica, é de Cláudio Willer, de 1984, quando a LPM procurava se destacar da mesmice editorial.
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