16 junho 2008

Japão Gay

(Reportagem de Ewerthon Tobace, no sítio G1)

Andar de mãos dadas? Nem pensar! Beijar em público então... No Japão, nem casais heteros têm coragem de demonstrar o carinho à vista dos outros, e se mostram recebem olhares de desaprovação. Que dirá de um casal gay. Então, apesar de algumas cidades serem o que chamam de 'gay friendly', expor a sexualidade só mesmo dentro de quatro paredes.

Já o mercado de compras e diversões para os gays é visto a olho nu, principalmente em Tóquio. E é um mercado rico, onde se gasta muito.

Os japoneses, no geral, adoram usar roupas da moda, se preocupam com o corpo, com a alimentação, usam produtos de beleza, adoram a cor rosa, carregam bolsa a tiracolo e não se incomodam de prender as longas madeixas com presilhas ou tiaras. Agora, imagine um japonês gay.

Pois é. A indústria voltada a esse mercado não é boba nem nada e hoje fatura horrores com produtos e serviços exclusivos para os gays japoneses. Há de tudo que se possa imaginar somente na capital: salões de beleza, spas, lojas de roupas, de acessórios e, é claro, a indústria pornográfica. Essa sim, a que mais fatura.

Há empresas especializadas em satisfazer o fetiche do cliente (e convenhamos, os japoneses são os reis das fantasias eróticas): há filmes somente com meninos colegiais, com surfistas, gordinhos, musculosos, personagens de animê, samurais etc.


Na vida real, os bares e casas noturnas também não ficam no conservadorismo. Há casas especializadas em todo tipo de cliente: os que têm tara por homens de terno e gravata, por cuecas brancas (o cliente tira a roupa na entrada do bar e, se não tiver com a peça em questão, a casa trata de emprestar uma), por sadomasoquismo, estrangeiros, jovens, velhos e tudo o mais que a imaginação permitir.


Vida gay em Tóquio

Na capital, há três bairros que concentram o comércio gay. Shinjuku Nichome (leia-se nityome) é o mais famoso. Próximo aos 300 metros da rua Naka encontram-se cerca de 480 estabelecimentos como bares, clubes e sex shops. O movimento é diário, mas o pico, claro, é nos finais de semana.


Os outros bairros são Shimbashi, antigo distrito de gueishas e preferido hoje dos assalariados japoneses de meia idade, e Ueno. Neste último, além de bares voltados para o público urso e da terceira idade, é lá que está a maior sauna do Japão, a 24 Kaikan (há uma filial da casa em Shinjuku também).

Comunidade gay brasileira

Os brasileiros gays usufruem de tudo isso e alguns aproveitam para ganhar dinheiro também. “A mais famosa drag queen do Japão era uma brasileira, sem contar os go-go-boys”, conta Juvenal Shintaku, que era freqüentador regular das melhores baladas da capital. “Outro dia fui a uma festa gay e pelo menos 50% do público era brasileiro, talvez porque a DJ era uma brasileira”, fala.

Fora da capital, o agito acontece em cidades com grande concentração de brasileiros. Hamamatsu, na província de Shizuoka, e Nagoya, em Aichi, são sempre palco de festas para o público gay. Sérgio Murata, de 43 anos, de Toyota, é um dos que promove os eventos em Aichi. Há alguns meses ele passou a investir também no público gay e, periodicamente, é o arco-íris que enfeita os convites e a casa. “No começo pensávamos que não iria ter público, mas cada evento chega a receber até 300 pessoas”, finaliza ele.

Nota: Para quem quiser saber sobre a formação do pensamento gay no Japão, recomendo a leitura de Male Colors - The Construction of Homosexuality in Tokugawa Japan, de Gary P. Leupp.

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