25 abril 2007

Deus se come-se



Só isso, assim...NO dizer de Mauriac, "o pecado é o elemento do escritor" e Orides Fontella levou esse aforisma muito a sério em sua vida. Foi reconhecida em vida, mas não contava com a simpatia nem de seus pares e nem da imprensa, devido à contundência de sua sinceridade. Sua fama de intratável colocou-a à margem dos círculos enfatiotados e dandis do mundo literário, e dizem que sua conexão com a noção de higiene pessoal era muito errática. Mas, de quem escreve

Mão única

- é proibido
voltar atrás
e chorar.

(Cosac e Naif, p 296)

ou

Carta

Da
vida
não se espera resposta.

(Cosac e Naif, p 295)

assim, seco, direto, deixando o leitor atônito com a (c)ru(d)eza,
qual é a importância do que se diz?

Diga-se ou não, é fundamental que ela seja lida, ela e sua poesia.

A propósito, "Deus se come-se" também é um poema, em forma de grafite, que, em determinada época, inspirou seu trabalho.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu me lembro muitoi bem desses grafites em SP, nos anos 80. Uma cobra comendo o proprio rabo, fazendo um anel, com os dizeres "Deus se come-se"